Dados do Ministério da Saúde apontam que o Maranhão lidera o número de casos de leishmaniose visceral no país nos últimos três anos. Em 2017 foram registrados 789 casos; 703 em 2018; e 185 até o momento, em 2019.
Somando todos os registros, são 1677 casos em menos de três anos. Também chama a atenção a distância no número casos do Maranhão em relação a outros estados. No mesmo período, Pará e Minas Gerais – que vem logo atrás do Maranhão – registraram 463 casos a menos.

À reportagem do G1, a Secretaria de Saúde do Maranhão (SES) disse que as ações de combate direto à leishmaniose são de responsabilidade da gestão de cada município maranhense. Como parte das ações de responsabilidade do Estado, a SES executa atividades permanentes de capacitação dos profissionais de saúde dos municípios quanto ao teste rápido humano e animal, investigação de casos, além de garantir a aquisição de equipamentos para realização de ações de controle vetorial.
A Secretaria destaca que a leishmaniose é uma doença cíclica, com períodos de aumento de casos. O transmissor vetorial da doença encontra no Maranhão todos os fatores climáticos e ambientais para o seu desenvolvimento.
A doença
A leishmaniose visceral é uma doença infecciosa causada pelo protozoário Leishmania chagasi. A transmissão acontece quando fêmeas dos mosquitos conhecidos como ‘mosquito-palha’ picam cães ou outros animais infectados, e depois picam o homem, transmitindo o protozoário. Em todo o país, 10 de agosto é o dia oficial da Semana Nacional de Controle e Combate à Leishmaniose.
Sintomas da leishmaniose em humanos:
Febre
Perda de peso substancial
Inchaço do baço e do fígado
Anemia
Pode ser fatal se não for tratada em 90% dos casos
Sintomas da leishmaniose em cães:
Emagrecimento
Vômitos
Fraqueza
Queda de pelos
Crescimento das unhas
Feridas no focinho, orelhas e patas
Tanto em humanos, quanto em cães, a doença é difícil de ser diagnosticada por ter sintomas parecidos com outras doenças. Em humanos, a leishmaniose visceral pode ser fatal em até 90% dos casos, se não tratada.
Outro problema é que os cães ainda são vistos como os vilões, sendo que são apenas os hospedeiros. Em vários casos, os cães infectados são sacrificados, mesmo quando é possível tratar o animal para que ele não contribua na transmissão da doença.
“A eutanásia, que ainda é usado para o controle da doença, claramente não está funcionando por algumas razões. Uma delas é que não é só o cão que participa como hospedeiro da doença. Existem outros animais, inclusive silvestres, que participam disso”, explica o médico-veterinário Ricardo Cabral.
Segundo o veterinário, a leishmaniose não tem cura nos animais, mas atualmente também já existe um tratamento aprovado para a doença nos cachorros.
“No final de 2016, o Milteforan foi aprovado pelo Ministério da Agricultura para o tratamento da doença. O medicamento diminui a chance de o cão poder transmitir o vetor para o mosquito-palha. Além disso, 94% dos animais conseguem o controle dos sinais clínicos e podem voltar a ter uma vida normal”, complementa.
“Não significa que ele precisa ser tratado pelo resto da vida. É realizado o ciclo da droga, que dura 28 dias, e depois disso a recomendação é que o animal seja monitorado a cada quatro meses. A partir da avaliação de exames, o médico-veterinário vai dizer se será preciso entrar com outro tipo de tratamento, ou não”, completa.
Ainda segundo Ricardo Cabral, também é recomendado que o dono do cão use outras estratégias para evitar a transmissão da doença, como o uso de uma coleira repelente para evitar a aproximação do mosquito, o que diminui a chance do animal ser atingido.
Fonte: Portal G1